domingo, 10 de julho de 2011

3º capitulo


Fazemos hoje certos 4 meses, e será amanha o dia certo em que irás partir, não para sempre mas para um 'grande' momento.
Eu compreendo irás em família mas vai custar-me tanto a sua ausência meu amor!
Perco-me nos meus pensamentos, até que chegas e me pões com uma grande sorriso nos lábios.
- Meu amor, passa-se alguma coisa? – Perguntou preocupado
- Eu não sei como irei sobreviver sem ti ao meu lado dia após dia, porque por mais que as pessoas pensem que foi só uma paixão de verão tu és muito mais que isso, e juntos ainda havemos de provar isso a todas aquelas pessoas que nos questionam – tentei explicar-lhe.
- Eu no fundo peço-te realmente poucas coisas; peço-te que consigas esperar, confiar e aguentar. Não por mim, não por ti, por nós Matilde – disse ele.
 E foi ai, que as minhas lágrimas caíram e toda a minha dor, que sempre foi escondida por detrás do meu sorriso se fez notar.
Tentei conter-me, pois tinha prometido nunca chorar na presença dele, tentei ver as coisas pelo lado positivo e encarar as coisas com boa cara tal como faço sempre, como todos os obstáculos que vão surgindo ao longo da minha vida, mas naquele momento não existiam lados positivos, nem sorrisos que conseguissem disfarçar aquilo que eu sentia.
E foi assim que mais uma noite passei, acordada até as tantas da noite ou da madrugada, encostada nas minhas almofadas a ver o nevoeiro cada vez mais subir por cima das casas, impedindo a visão de qualquer um, aliás visão tínhamos, mas uma visão de poucos centímetros, o que nos impedia de ter algum ou qualquer sentido de orientação, eu ainda tinha esperança que os pais dele tivessem alguma misericórdia por nos e o deixassem ficar cá, apesar da passagem deles estar marcada para daqui a poucas horas, eu ainda esperava isso!
As horas passavam, os programas da televisão tornaram-se aborrecidos, e os meus olhos aos poucos e poucos iam-se fechando e entregando-se ao sono que eu tanto tinha, mas o nervoso miudinho que eu tinha não me permitia adormecer.
Ele não sabe, nem sonha as saudades que eu sinto dele e ele ainda nem foi embora.
Cada vez que olho para a tua fotografia na mesa de cabeceira, lembro-me de todos os momentos passados juntos, e só me dá vontade de saltar para dentro da fotografia e abraçar-te como se não houvesse amanha, mas infelizmente não posso.
Sinceramente, não há nada melhor do que estar com ele. Não há nada melhor do que acordar com a sua voz e com as doces palavras dele. Torna-se tudo tão mágico, mesmo se eu dar por isso.
Ele é realmente perfeito, mesmo que digam que o perfeito não existe. Para mim ele existe, e é o Pedro, mesmo com todos os defeitos chapados na cara. Não interessa, ele é perfeito. Perfeito a sua maneira e é assim que eu quero que continue sempre.
A campainha tocou, era a Mónica, mãe do Pedro, eu tinha-lhe pedido que passa-se por aqui para os acompanhar até ao aeroporto.
Entrei para o carro, todos estavam bastante entusiasmados excepto Pedro.
Permanecia imóvel, olhando para o exterior, encaixei a minha mão na dele, foi ai que se virou e sorriu.
- Estas bem? – Sussurrei ao ouvido dele
- Não – respondeu-me
- Que se passa contigo? – Perguntei-lhe, como se já não fizesse ideia do que seria
- Preciso de espaço, preciso de pensar, de estar sozinho, pensar em tudo com calma – respondeu-me com arrogância.
- Precisas? – Perguntei-lhe espantada.
- Não… – disse
- Então porque dizes-te que precisavas? – Perguntei-lhe, sem já saber o que pensar.
- Porque o que eu preciso na realidade, eu não tenho… – Reclamou, virando-se novamente para a janela.
- E o que é que precisas? – Perguntei
- Preciso de ti, comigo, todos os minutos…
- O medo é inevitável. Por mais que se sofra por ele, ele vai estar sempre atravessado em todos os caminhos da nossa vida. Damos um passo e lá está ele, e ali outro, ao virar da esquina. Mas a vida é mesmo assim, cheia de medos e coragem.
Eu, por mais medo que tenha de te perder, tenho sempre algo a sussurrar-me ao ouvido e a dizer "não, ele não se vai embora", e aí eu tranquilizo, porque há uma espécie de força interior que diz para me acalmar e que tudo não passa de uma breve fase. E para quê gastar energias se eu sinto que sou amada e que pertenço aos teus braços? Não vale a pena, tenho consciência que nos amamos um ao outro e que por mais voltas que a vida dê, o conforto de um vai ser sempre os braços do outro. É no teu coração que me sinto em casa, é no teu coração que me sinto livre e feliz, como um pássaro. Por isso, nunca digam que "isso não vai resultar", "acho muito difícil"... Para quê? Aqui quem tem de acreditar em alguma coisa sou eu e tu. Aliás, nós sempre acreditámos, e até agora nada falhou. Sabes porquê? Porque nos amamos e confiamos um no outro, e não há nada melhor do que isso.

 continua (...) 







segunda-feira, 20 de junho de 2011

2º Capitulo


2 #
(…) Tinha acabado de chegar a escola, e lá estava ele, encostado ao varão com o seu capucho enterrado na cabeça por cima de todo o seu cabelo, tinha os olhos semi-abertos via-se que ainda estava cheio de sono, fiquei feliz por ele estar ali a minha espera mas por outro lado fiquei preocupada, ele provavelmente iria perguntar o que é que se tinha passado ontem, mas eu ainda não tinha pensado em nenhuma resposta para lhe dar a tal pergunta, em cada passo que eu dava o meu coração batia com mais força, sentia-me tão nervosa e confusa.
Não podia simplesmente dizer-lhe " és especial " eu não queria, não podia, e não iria fazê-lo.
- Bom dia Matilde – disse-me
- Bom dia – disse eu cheia de inseguranças
- Estás bem? Não consegui mais dormir, estava preocupado – afirmou
- Não foi nada de especial, estava só cansada – respondi
- Como queiras – disse ele, virando costas sem sequer me acompanhar até a sala.
Eu sabia que ele tinha ficado chateado, e tinha percebido que não lhe tinha dito tudo o que tinha para lhe dizer, mas tudo o que eu tinha para dizer é mais do que o que eu podia apenas dizer, eu só quero tentar não pensar em vê-lo como mais do que um amigo, porque se isso acontecesse mais cedo ou mais tarde iria acabar por estragar a nossa amizade, e eu não quero isso, para nós.
O meu dia passou, foi tão aborrecido, acabaram as aulas, ainda fui ao banco de jardim, mas ele lá não estava. Sentei-me pensativa, lembrei-me dele e de todas as horas passadas a fio naquele banco de jardim, até parecia que quando sentada já lá estavam modeladas as formas dos nossos corpos.
Cheguei a casa, deitei-me na cama, enrolada na minha manta, dei voltas e voltas a cama não conseguia dormir, fecho os olhos e não consigo dormir tinha algo na cabeça que me impedia de dormir, aliás algo não, alguém, ele.
- Ai que raiva – pensava eu para mim mesma – Porque é que ele tinha de aparecer desta maneira na minha vida?
Era 3 da manha e nada, o sono corrompia-se pelas minhas costuras, já para nem falar das minhas olheiras, essas eram tão grandes que tinha a certeza que no dia seguinte nada as conseguiria disfarçar.
Acordo passadas umas horas, dei-me conta que adormeci agarrada ao livro que andava a ler. Sinceramente já não tinha forças para continuar assim, noites sem dormir, lágrimas por secar e erros por remediar e para que não bastasse, tinha acabado de acordar para mais um aborrecido dia de aulas!
Assim que cheguei a escola deparei-me com o Pedro, parecia fruto do destino.
- Bom dia Matilde. – Proferiu ele com um ar, de certo modo, curioso.
- Bom dia Pedro. – Retribui-lhe com o maior sorriso que pude
- Gostava de puder conversar contigo, será que me dás uns minutos? – Perguntou
- Claro Pedro, sabes que pudemos sempre conversar, aliás sempre conversámos, passa-se algo? – Disse eu, como se não soubesse do que se tratava, o telefonema
- Se eu te perguntasse se querias ter uma relação comigo aceitarias? – Disse
E mais uma vez, me deixou boquiaberta, sem qualquer margem de reacção, começava a aperceber-me de que ele era deveras directo.
- Como assim? Que tipo de relação? Amorosa? – Questionei
- Sim uma relação amorosa, sendo mais especifico um namoro? – Disse
Nunca pensei que ele sentisse por mim o que eu sentia por ele, aliás nunca pensei que houvesse qualquer hipótese de ele vir a querer ter uma relação comigo, afinal de contas ele próprio dizia que nunca se queria envolver com uma rapariga "popular".

Por mais que esta surpresa dele, me deixasse completamente feliz, eu não sabia o que lhe havia de responder, pois sabia que ao aceitar, estaria em por em risco muitas coisas.
Ponha em risco não só, o que sentíamos um pelo outro, como também, a longa e duradoura amizade que nutríamos, e sinceramente eu não sabia se estava disposta a abdicar disso, para apenas dizer que sim, ele era o meu namorado, por fim respondi-lhe:
- Pedro, eu não sei, eu estaria a abdicar de muito para tal, por favor deixa-me pensar e reflectir sobre o assunto – Pedi-lhe
- Claro Matilde, eu não compreendo a tua decisão mas eu prometo respeita-la, por isso sim, dou-te todo o tempo que precisares.
E o meu dia resumiu-se a isto, sim porque o resto do dia, eu não consegui prestar atenção as aulas, nem sequer ouvir nada, estava lá porém era como se não estivesse, como se costuma dizer estava no mundo da "lua" mas neste caso estava no mundo do "Pedro e da Matilde".
A noite caiu, e mais uma vez bebi o meu leite com mel, e foi deitar-me dei voltas e voltas até conseguir adormecer, por fim lá serrei os olhos e dormir que parecia um anjo.
Era duas da manhã quando acordei. Mal me conseguia mexer. Virava-me para aqui, virava-me para ali e nada. Foi horrível. Pus a tua sweat ao meu lado para me dar alguma força. Eu por mais que necessita-se da tua companhia não te queria acordar, devias estar cheio de sono e era injusto estar a acordar-te por minha causa. Eram cinco horas da manhã e continuava tudo na mesma. Sentei-me, e o silêncio da casa fazia-me sentir sozinha. Estava um frio que mal se aguentava. Não se ouvia nada. Estava tudo escuro por todo o lado, e eu só pensava em ti.
Chegaram então as horas de levantar, despachei-me tão depressa que até a minha mãe se admirou, e me perguntou porque tanta rapidez naquele dia.
Eram 8 da manha, já lá estava eu, na entrada da escola, encostada ao portão, verde já gasto pelo sol, e fresquinho, esperava por ti, já tinha uma resposta e ansiava ver-te.
8:47 chegas-te tu, finalmente!
- Pedro, Pedro que bom ver-te – cumprimentei-te com dois beijinhos e um abraço
- Bom dia – Disse ele, ainda meio ensonado
- Sim – quase gritei eu
- Sim, mas sim o que Matilde? – perguntou ele, olhando-me como se fosse uma doida.
- Sim, eu aceito namorar contigo – gritei e dei-lhe um grande abraço
- Falas a sério? – Disse ele, quando ainda não se tinha apercebido da realidade
- Sim, era o que eu mais desejava meu amor, e finalmente o meu sonho realizou-se.


(continua...)

1º Capitulo


1 #

(…) tinha tudo para ser feliz, todos o diziam, realmente andava um bocado farta, achavam que era fútil, que por apenas ser a capitã da claque, por me enquadrar nos padrões de "populares" da minha escola, por toda a gente me rodear, andava realmente cansada não fisicamente mas psicologicamente:
- "Matilde? Como anda essa boa vida? " – será que não vêem mais além que todas essas coisas fúteis?
Nesse momento, toda a gente me ouvia e me olhava mas eu precisava de alguém que me escutasse e me visse, precisava de alguém que me completa-se, alguém a quem eu me pudesse entregar completamente, e o Pedro era quem mais se identificava como sendo o "tal", ele compreendia-me tão bem.
Hoje estávamos sentados no nosso banco do jardim, ele sabia tão bem que eu estava imensamente cansada e sem paciência alguma para as suas parvoíces, e acho que foi a primeira vez que ele se manteve tão calado, eu até achei estranho ele simplesmente chegou jogou a sua mochila para o chão como o fazia sempre pois dizia que não tinha lá dentro nada de importante ou que se partisse, sentou-se ligeiramente ao meu lado, suspirou de cansaço, pôs o braço por cima dos meus ombros e aconchegou-me do vento que fazia por ser primavera, manteve-se imóvel e sem pronunciar uma única palavra durante todo o tempo que ali estivemos, não sei ao certo quanto tempo foi, pois quando estou com ele quase que perco a noção das horas.
O meu telemóvel tocou …
- Estou … sim mãe eu sei , prometo não atrasar-me - disse
- Pedro, desculpa sabes que tenho de ir andando para casa, conheces a minha mãe é difícil – desculpei-me eu
- Eu compreendo, fica descansada – disse ele num tom baixo – eu sentia que ele não estava bem, parecia tão triste.
- Passa-se algo? Estives-te sempre tão calado não parece teu … - tentei
- reparei que hoje estavas cansada não quis incomodar-te – explicou
- nunca me incomodas muito pelo contrário devias sabe-lo – justifiquei, tentando animá-lo .
- eu sei, mas preferi manter-me calado, afinal de contas é no silencio da primavera que se reencontram as vozes do amor certo ? – disse ele – dei-lhe um rápido beijo na testa e fui embora sem proferir uma única palavra, não entendi bem o que quereria ele dizer com aquilo, será que me amava como eu o começava a amar a ele? Não podia ser, ele nunca tinha dado nenhum indício de amor, e sempre disse que gostar de uma "popular" seria sempre bastante complicado e que não queria isso para a sua vida. Provavelmente ele estaria simplesmente a falar da nossa amizade, que por consequência é muito forte.
Tinha mesmo acabado de por um pé em casa, e a minha mãe já estava tão stressada e eu apenas me atrasei 2 minutos, as vezes é tão complicado satisfaze-la, parece que nada está bem, tem de ser sempre tudo perfeito, mas enfim, hoje estava tão cansada que nem consigo discutir com ela – coisa que por acaso é frequente – hoje, só quero mesmo ir para o meu quarto e deitar-me mas infelizmente ainda vou ter de organizar e pensar numa nova coreografia para a minha claque, ser a capita tem os seus prós e contras, e este é realmente um contra.

(…)

Já eram quase 2:00 da manhã e ainda ali estava eu a criar e a rever a coreografia, ver se tudo batia certo: os passos; o tempo; a batida; o numero de bailarinas; os meus olhos pesavam, doía-me a cabeça de estar sempre a ouvir a mesma musica com a mesma batida, sentia-me fraca e incapaz de fazer um teste de matemática amanha, o que me apetecia mesmo era um chocolate mas naquele momento a minha mãe já tinha ligado o alarme e não podia ir lá abaixo roubar um sem que ninguém desse por nada, agora dou-me conta que não há castigo maior que uma noite sem dormir, não conseguia deixar de pensar no que ele tinha dito, nem do sentido que aquilo poderia ter, precisava mesmo de falar com ele, decidi ligar-lhe…
- Boa noite melhor, acordei-te? – Interroguei com medo que reagisse mal
- Quem fala? - Disse
- Sou eu, a Matilde – senti que ele mexia em algo …
- Sabes que horas são? - Perguntou-me ele, enquanto bocejava
- Sim, eu sei desculpa, desculpa!
- Não importa é sempre bom ouvir-te, aconteceu alguma coisa meu bem? – Perguntou num tom preocupado.
Oh meu deus, o meu mundo parou quando ele disse " meu bem" fiquei sem palavras, explodia de sentimento mas parecia que tinha ficado muda, provavelmente corei imenso
- Não, desculpa amanha falamos – disse, desligando-lhe o telemóvel.
Provavelmente o que eu tinha acabado de fazer, não teria sido o mais correcto, mas eu já não sabia o que pensar tinha uma alma tão límpida e uma mente tão confusa (...)


continua ...